O
divórcio e a paternidade
Deveria mesmo era começar escrevendo “obrigado divórcio
por me tornar pai”. Minha filha havia nascido em janeiro de 2017, parecia que a
ficha não havia caído na época. Sentia apenas responsabilidade financeira sobre
o evento. O tempo foi passando, pude em dois ou três momentos ficar só com ela
ao sábados, enquanto a mãe estava na Faculdade. Mas isso realmente não era ser
pai. Quando a mãe tinha que fazer algo procurava minha madrasta, a qual minha
filha chama de vó, aliás, eu próprio chamo minha madrasta de vó da minha
pequena. O fato é: eu era apenas uma figurinha, como se não tivesse
responsabilidade ou aptidão para cuidar de uma criança que nem sequer tinha
altura do meu joelho ainda...
Então o divórcio, em abril desse ano. É, no duro mesmo,
separação, sair de casa. Nesse momento o afastamento completo do convívio com
minha pequena, uma luta, uma busca desesperada para ficar perto e foi um mês
depois que tive uma atitude muito maluca: Minha filha na casa da vó disse:
Vamos embora pai!. Eu imediatamente concordei com ela, contrariando a vontade
de todos; exceto a minha própria e de minha filha fui até a churrascaria com
espaço kids, me servi, servi minha pequena, brinquei com ela, comi,
literalmente sumi por cerca de três horas, até aparecer com ela. Depois desse
dia tudo começou a mudar. A levei para o shopping sozinho, a levei para andar de
bicicleta sozinho, criei um vínculo paterno com minha filha, hoje sei que ela
me ama. Que ela quer estar na minha presença, que ela pergunta do papai. Ela
sorri quando a vejo na escolinha, ela dorme um final de semana sim e um não
comigo e quando estou com ela, estou com ela, ela tem minha atenção integral,
não há tempo para mexer no celular, para qualquer outra coisa que não seja
estar com aquele pequeno (grande) ser. Em agosto desse ano saiu a decisão que
me permite dormir com ela as quartas feiras e um final de semana sim e um não.
E são momentos felizes, é uma festa da alma poder ver, estar e participar do
desenvolvimento da minha pequena com a sensação de estar realmente sendo pai.
Levar ela a um balanço, embalar, quando ela quer que eu seja um personagem da
patrulha canina, ou ainda, o lobo mal, ou se ela quiser até mesmo que eu não
seja nada, feliz eu sou um NADA DE AMOR pela minha pequena.
Nesse momento finalizo o texto dizendo “obrigado divórcio
por me tornar verdadeiramente pai”. Obrigado universo a realizar meu pedido de
tantos anos em experimentar a paternidade em sua plenitude.
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