quinta-feira, 5 de setembro de 2019

PRIMEIRO CAPÍTULO - O DIVÓRCIO E A PATERNIDADE


O divórcio e a paternidade

            Deveria mesmo era começar escrevendo “obrigado divórcio por me tornar pai”. Minha filha havia nascido em janeiro de 2017, parecia que a ficha não havia caído na época. Sentia apenas responsabilidade financeira sobre o evento. O tempo foi passando, pude em dois ou três momentos ficar só com ela ao sábados, enquanto a mãe estava na Faculdade. Mas isso realmente não era ser pai. Quando a mãe tinha que fazer algo procurava minha madrasta, a qual minha filha chama de vó, aliás, eu próprio chamo minha madrasta de vó da minha pequena. O fato é: eu era apenas uma figurinha, como se não tivesse responsabilidade ou aptidão para cuidar de uma criança que nem sequer tinha altura do meu joelho ainda...
            Então o divórcio, em abril desse ano. É, no duro mesmo, separação, sair de casa. Nesse momento o afastamento completo do convívio com minha pequena, uma luta, uma busca desesperada para ficar perto e foi um mês depois que tive uma atitude muito maluca: Minha filha na casa da vó disse: Vamos embora pai!. Eu imediatamente concordei com ela, contrariando a vontade de todos; exceto a minha própria e de minha filha fui até a churrascaria com espaço kids, me servi, servi minha pequena, brinquei com ela, comi, literalmente sumi por cerca de três horas, até aparecer com ela. Depois desse dia tudo começou a mudar. A levei para o shopping sozinho, a levei para andar de bicicleta sozinho, criei um vínculo paterno com minha filha, hoje sei que ela me ama. Que ela quer estar na minha presença, que ela pergunta do papai. Ela sorri quando a vejo na escolinha, ela dorme um final de semana sim e um não comigo e quando estou com ela, estou com ela, ela tem minha atenção integral, não há tempo para mexer no celular, para qualquer outra coisa que não seja estar com aquele pequeno (grande) ser. Em agosto desse ano saiu a decisão que me permite dormir com ela as quartas feiras e um final de semana sim e um não. E são momentos felizes, é uma festa da alma poder ver, estar e participar do desenvolvimento da minha pequena com a sensação de estar realmente sendo pai. Levar ela a um balanço, embalar, quando ela quer que eu seja um personagem da patrulha canina, ou ainda, o lobo mal, ou se ela quiser até mesmo que eu não seja nada, feliz eu sou um NADA DE AMOR pela minha pequena.
            Nesse momento finalizo o texto dizendo “obrigado divórcio por me tornar verdadeiramente pai”. Obrigado universo a realizar meu pedido de tantos anos em experimentar a paternidade em sua plenitude.

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